Igual MENTE

Por: Anderson Du Valle

“Somos todos iguais”, esta é uma máxima propositadamente não contextualizada para que sejamos corretos politicamente e hipócritas socialmente. O natural é não sermos iguais, o natural é que cada átomo deste cosmo seja irregular e é isso que nos desafia. É o poder de lidar com as diferenças que nos instiga. A admissão de igualdade que nos é imputada por conceitos externos, é apenas mais uma faceta de nossa indolência.

O que nos diferencia dos outros animais, segundo explicam os cientistas, é a nossa capacidade de raciocinar, embora usemos pouco essa prerrogativa. Só que entre nós existem mil de nós, um milhão de nós ou toda a população mundial de nós, cada um com sua individualidade, sua peculiaridade que nos difere. Um sinal de nascença, um siso, um olho preto, colorido ou torto, o cabelo multicolor, sem cor ou inexistente, o partido político, o time de futebol, a religião e a digital, o sexo, muito sexo, assexuado, tímido, extrovertido, gordos, pernetas, pretos e anões, lindos, desdentados, irreverentes, caucasianos, japoneses, gulosos e inapetentes, santíssimos e lascivos, enfim, não há parâmetro para nos definir como raça, somos carnívoros, apesar dos nossos apêndices e de nossos intestinos longos, somos lactantes embora nem um outro animal se alimente do leite alheio, também destruímos tudo o que tocamos e o que nem precisamos tomar conhecimento. Talvez por isso nos matamos, é que disseram no livro “santo” para não fazermos mal aos nossos semelhantes, mas como não encontramos nenhum...

Não sei o que seu deus diria de tudo isso, porém se não considerássemos o “seu” como “O Deus”, talvez pudéssemos aprimorar nosso discernimento. O meu, por exemplo, não está lá, não me chama de filho nem me impõe comportamentos, o meu não me diz nada, nem me recomenda leituras enfadonhas de compreensão convergente. O meu não faz vítimas, apenas sinaliza em algum ponto de mim mesmo o instinto animalesco consciente, que segundo dizem os cientistas faz toda a diferença, apontando para o caminho sempre bifurcado das ideias, daí é comigo, ou não. Isso tudo se levando em consideração o fato de que nada tenha sido escrito... porque se foi, apenas somos passageiros de uma nave errante sob a incúria dos "deuses" e o sadismo do tempo.

Pelo sim e pelo não, esqueçamos os “pecados enlatados” e ouçamos mais aquela vozinha que grita lá do fundo, pois se não é a demência que se avizinha, muito provavelmente ela pode ser o que aqui fora procuramos...

Anderson Du Valle
Enviado por Anderson Du Valle em 03/05/2024
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