A razão não resolve o desejo,
Não resolve a dor,
Não resolve a dor de dente.
Desejo, dor,
Sobrevivem
Em esfera diversa
Paralela à razão.
Mas eu não queria ser
Escravo da dor,
Escravo do desejo.
Queria ser livre
Sem amarras de prazer,
Sem grilhões de amor.
Queria ser completo,
Feliz,
Pacífico,
Melhor.
Queria ter paz,
Queria ir embora
Ir embora daqui.
Ah, vida sem razão,
Vida de paixão,
De frustração
E ignorância.
Mas não me esqueço,
Não esqueço nunca,
De quem eu sou,
De tudo que sou,
Do tudo que sou,
Do melhor que sou.
Ainda sou.
Eu sou.
Eu.
Nada.
Tudo.
(Brasília, 12 de março de 2016)