carta

Querida amiga,

Tenho uma ligação muito forte com você, confesso que já passei noite em claro tentando entender... Abri todos os meus segredos pra você, “acredito” nesse sentimento. Sinto-te muito próxima.

Dúvidas todos nós temos, inclusive Eu...

Não tenho explicações para todas as coisas e, muito provavelmente, coisas em que acredito podem não ser verdadeiras, pra ser bem sincero nem na Ciência eu confio plenamente, sou um céptico, não consigo acreditar na existência de um Deus, espíritos, almas, anjos... Nós, humanos, somos muito inteligentes, por sermos dessa forma não podemos admitir a nossa própria finitude. E por não admitirmos a morte criamos um sentido de transcendência, isto é, “algo depois da morte”: paraíso, inferno, encarnações e coisas que tais... Mas como já te disse, eu me entrego de coração as coisas que faço, por muitas vezes estudei diversas linhas religiosas, estudei conceitos cristãos, espiritas, até algumas coisas ocultistas! Depois de toda essa epopeia só consegui sentir que nada existe e pra mim não faz falta. Não gosto de afrontar as pessoas, não quero que tenham restrições quanto a mim, procuro não ser ofensivo.

A religiosidade esta cheia de emoções, e quando a emoção aflora a razão tende a se esconder, já fiquei com muita raiva, tenho as minhas dores, tenho os meus sofrimentos...

Precisei quase morrer pra entender que a raiva e o ódio me destroem.

Acho que não sei expressar de maneira cordial minhas posições, causo um certo desconforto, então acho mais fácil fazer uma piada sem graça e matar o assunto...

Sou um sujeito complexo, você bem sabe, creio não ser um homem ruim. Devo ter algumas características boas.

Não tenho necessidades espirituais, não tenho necessidade de transcender, vou morrer, sei disso! Luto todo dia, toda hora pra não me matar... Sei que as pessoas que amo (e você é uma delas) também terão um fim, mas enquanto estivermos na memória de alguém...

Penso em minha irmã todo dia, exatamente às 6h18 da manhã, foi a hora em que ela morreu no dia 28 de novembro, eu olhava para o rosto dela no momento em que a respiração se foi, não consegui desde então expressar a minha dor, não consegui chorar. Seria tão legal se ela reencarnasse, fosse pro céu, ressuscitasse ou algo assim, eu poderia dizer pra ela o quanto eu a amava, quanto me orgulhava dela, quanto a admirava, quanto eu a achava bela...

Mas a realidade é diferente, nada disso jamais ocorrerá!

Poderia escrever uma tese refutando deuses, religiões, espíritos... mas sinto que não preciso provar a inexistências das coisas divinas, entendo é que as pessoas que acreditam em seus dogmas é que devem provar a existência.

Quanto a mim: continuo vagando pela escuridão de minha mente vazia...

Sou assim, não quero decepcionar você....

johnny guitarman
Enviado por johnny guitarman em 06/04/2016
Código do texto: T5596558
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