Amor De Carnaval Ação #M#

Ela sempre passava o carnaval naquela praia. Sempre com as mesmas amigas.

Amava a agitação daqueles dias. Divertiam-se pra valer. As vezes conhecia alguém e curtiam juntos.

Lá estava no meio da agitação quando ao olhar pro lado se deparou com um lindo par de olhos azuis olhando insistentemente. Ela sorriu e ele não se fez de rogado, foi se aproximando puxando conversa. Encontraram no dia seguinte e no outro.

Eles se beijavam, se esfregavam, carícias ousadas.

—Vamos sair daqui. Vamos para um lugar mais reservado, um motel.

—Não. Eu não vou.

—Não vai? Pensei que queria tanto quanto eu. Você me beija, se esfrega em mim, me acaricia, aceita minhas carícias, me deixa alucinado de vontade e depois foge?

—Eu não posso?

—Não pode por quê?

—Não insista, eu não quero.

—Não pode me dizer por quê?

—Você não entenderia.

—Posso tentar entender?

—Eu sou virgem.

—O quê? Você está brincando. Como atiça um homem dessa maneira e depois diz que é virgem? Um mulher de vinte e sete anos. Em que mundo você vive? Estamos a quinze anos do Século XXI e você me vem com essa? Já foi o tempo que uma mulher tinha que se manter virgem até o casamento

—Não quero me manter virgem até o casamento, mas até quando rolar um amor de verdade Isso pra mim não é questão de tabu. É uma opção de vida. Só vou me entregar quando valer a pena e houver muito amor.

—Pode valer a pena agora. Rolou tantas afinidades, tanta química e vontade.

—Eu mal te conheço. Por que valeria a pena?

—Por que estamos com vontade.

—Vontade não é tudo. É preciso amor.

Ele fez cara de desagrado.

—Quer dizer que você só quer transar comigo?

—Estamos em pleno carnaval, numa praia, lugar propício e festa mundana.

—Você não vai me convencer.

—Tudo bem. Eu vou embora.

Despediram-se ali.

No dia seguinte ela voltaria pra sua cidade. Dormiu mal. Pensava nele e no quanto se apaixonou à primeira vista. Não voltou a vê-lo antes de partir. Estava decepcionada. Então ele só queria transar. Não houve reciprocidade de sentimentos.

Durante a viagem ela não parava de pensar nele. Um homem charmoso, bonito, interessante, inteligente. Seus lindos olhos azuis pareciam ainda estar olhando pra ela, sua boca feita pra beijar, tocar o corpo de uma mulher de maneira tão especial, o corpo de músculos definidos, braços fortes, feitos pra envolver seu corpo, sua virilidade que era de deixar qualquer mulher louca. E ele só queria transar. Se tivesse cedido, ele ia desaparecer da mesma forma. Amor de carnaval.

O encontro com aquele homem mexeu com ela. O tempo passou e não conseguia esquecê-lo. Durante os dias que estiveram juntos conversaram, falaram de tudo, menos sobre qualquer coisa que pudesse fazer um localizar o outro. Precisava esquecer. Um amor de carnaval só dura o tempo do carnaval.

Mudaram as estações, luas foram e voltaram. O verão voltou, o carnaval chegou.

Lá estava ela na mesma praia, na mesma casa. A saudade do homem que só queria transar bateu forte. Por que não esquecia? Jamais voltaria a vê-lo.

A noite do primeiro dia de carnaval chegou. As amigas estavam animadas para curtir o agito do lugar.

Ao sair ela deu de cara com ele:

—Você?

—Sim. Eu. Não imagina as manobras que tive que fazer pra estar aqui e te encontrar. Você disse que sempre vem para esta casa. Aqui estou eu. Não me deixou nenhuma pista de onde encontrá-la. Estou atrapalhando alguma coisa?

—Não. Só digo que não mudei em nada.

—Não encontrou ninguém que valesse a pena?

—Não. Nem procurei porque…

—Por quê?

—Não estava a fim.

—Será que não estava a fim pelo mesmo motivo que eu?

—Não conheço seus motivos.

—Estava aguardando ansiosamente o carnaval pra encontrar a mulher que arrebatou meu coração e perguntar: quer se casar comigo?

—Acha que transar comigo vale tudo isso?

—Casamento não é só sexo. Não consegui te esquecer durante o ano que passou.

—Pensa que falando assim vai me convencer?

—Vamos sair daqui e conversar, venha.

Ela o seguiu. Não acreditava no que estava acontecendo. Será que estava sonhando? Eles sentaram em um barzinho afastado da folia.

—Vai dizer que não pensou em mim, que não sentiu saudade também?

—Pensei, senti saudade, mas achava que nunca mais o veria.

—Eu não sou de desistir facilmente.

—Mas foi embora e nem se despediu de mim. Nem pediu meu número de telefone ou perguntou como me encontrar.

—Eu fiquei muito chateado com o que fez comigo. Não se faz o que você fez com um homem. E naquela hora não pensei que fosse tão importante te reencontrar.

—O que espera de mim?

—Ser seu marido.

—Amor de carnaval só dura um carnaval.

—Podemos mudar esse ditado ou sermos uma exceção à regra.

—Você sempre age por impulso?

—Em muitas coisas sim. Por amor é a primeira vez. Tanto que estou com trinta e dois anos e ainda sou solteiro.

—Amor?

—Você não acredita em mim, não é? Talvez eu tenha dado motivos. Mas vou provar que estou sendo sincero.

—Ainda que quiséssemos, moramos tão longe um do outro, eu tenho meu emprego bastante estável que não pretendo abrir mão.

—Mas eu como piloto da aviação comercial posso morar onde quiser.

—Você está disposto a se mudar pra perto de mim.

—Eu muitas vezes faço as coisas no impulso. E não costumo me arrepender.

—Vamos nos conhecer. Vamos ver se esta paixão é pra valer.

Continuaram se encontrando, ele respeitou o tempo dela.

Seis meses depois estavam casados. Uma mudança radical na vida de ambos.

Saudade nas ausências que o trabalho exigia.

Reencontros memoráveis, plenos de amor, companheirismo, cumplicidade.

Permaneceram juntos e apaixonados.

Amor de carnaval que se transformou em amor de uma vida.

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 04/05/2024
Reeditado em 04/05/2024
Código do texto: T8056207
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