Respeite a minha cor

Uma menina, nova na cidade, sem estrutura nenhuma de vida, arrumou um emprego de faxineira na casa de família nobre, moça de pele escura, pobre, quilombola e empenhada no seu afazeres.

A família era composta com 4 pessoas, a Laura (mãe), o Lucas (filho primogênito) o Pedro (filho caçula) e o José (pai dos meninos e esposo de Laura).

O Pedro e o Lucas eram rapazes bonitos e educados. A mãe dos garotos foi apresentar a nova faxineira da família, foi inevitável a troca de olhares de Lucas e a mocinha negra, porém, nada além de uma troca de olhares.

Os dias se passaram e a troca de olhares entre os jovens se tornou diária e mais profunda a cada dia, até que começaram a conversar e foram se aproximando, criando intimidades. Em umas dessas conversas, onde ambos já estavam encantados um pelo outro, se deixam levar pelos sentimentos e se beijam, o primeiro beijo acontece e foi maravilhoso.

Mas a mocinha logo viu que aquilo não estava certo e foi apenas um "acidente". No dia seguinte os dois se esbarram e novamente trocam radiantes olhares, mas logo mudam de foco, e a mocinha sai correndo para ver o que a patroa quer.

Os encontros da mocinha e de Lucas eram inevitáveis, pois viviam na mesma casa. Lucas, apaixonado, saí no meio da noite e vai até o quarto de sua amada para pedi-la em namoro.

-Você aceita namorar comigo?

-Lucas? O que você está fazendo aqui? Se a sua mãe lhe ver aqui ela me mata. Saía já!

-Eu estou apaixonado por você, não dá mais para fingir que nada está acontecendo, sei que você também gosta de mim.

Lucas sem conseguir esperar mais um segundo, beija a mocinha que fica surpreendida, mas se deixa levar mais uma vez pelo sentimento.

-Eu aceito! Eu aceito! Maaas, e seus pais? Eles não vão aceitar, eu sou negra, pobre, você é branco, de família rica.

-Xii, não se preocupe, vou lutar pra ficar com você, custe o que custar.

Meses se passaram e o romance prevalecia, mas ninguém sabia, era um namoro escondido.

Laura, por sua vez, começou a desconfiar que algo de "errado" estava acontecendo e começou a investigar a situação. Laura descobre do romance do filho com a quilombola e fica enlouquecida, imediatamente vai a procura da faxineira e com tom de raiva diz:

-Some da minha casa, sua negrinha suja, saía já. Meu filho não é homem para você, meu filho merece uma mulher de verdade. Como se atreve? O Lucas só quis lhe usar, nunca que iria ter algo sério com você. Pegue seus restos de roupa e saia imediatamente.

Assustada, a mocinha sai aos choros, desesperada e sem rumo a seguir. No fim da tarde, Lucas chega e não encontra a sua amada, logo vai perguntar a sua mãe.

- cadê a faxineira?

-Eu a demiti.

-Como? Por quê? O que houve?

-Meu filho, eu soube do momentinho de vocês, sei que foi apenas para se divertir, mas chega, não fica bonito para você.

Lucas, irritado e sem chão, retruca:

-Não mãe, não foi apenas um "momentinho" como a senhora diz, eu a amo, eu amo ela!

-Não, Lucas! Você não a ama, isso é loucura da sua cabeça. Pare com isso.

Lucas sai irritado e vai à procura de sua amada, encontra a mocinha aos prantos ainda perto de sua casa, sentada na calçada. Lucas a abraça desesperadamente e diz que está ali, que nunca mais isso irá acontecer. A mocinha diz não querer mais nada, que nunca será aceita pela família de Lucas.

-É melhor a gente parar por aqui, eu nunca vou ser aceita na sua família. A sua mãe não gosta de negros.

-Não, eu sou maior de idade, minha mãe não tem que decidir quem eu devo ou não amar. Lucas a abraça novamente e a beija.

Sabendo da insistência do filho, Laura planeja um plano para separar o casal de uma vez por todas. A mãe do rapaz, humilha mais uma vez a coitada da moça, diz as piores palavras e chega agredir a menina.

A mocinha sem chão, se sentindo um lixo, volta para sua terra natal e não avisa o seu amado.

Lucas, sem saber o que houve, fica arrasado, achando que o amor da sua vida lhe abandonou, sua mãe, muito esperta não iria perder a oportunidade de detonar a pobre menina.

¬-Ela só queria seu dinheiro.

-Me deixa mãe, Lucas responde!

De volta a sua terra natal, a mocinha arrasada levanta a cabeça e diz:

-Eu irei mostrar a ela que não sou um lixo como ela pensa, vou estudar, me formar e um dia, sei que um dia irei encontra-la novamente, mas iremos está no mesmo nível social, nunca mais vou aceitar que me humilhem por causa da minha cor.

Eu mereço respeito

Eu quero respeito

Respeite a minha cor!

Geisiane Alves
Enviado por Geisiane Alves em 24/11/2017
Reeditado em 24/11/2017
Código do texto: T6180584
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.