O poema "O Religioso" apresenta um retrato complexo e intrigante de um homem dividido entre fé, desejo e culpa. O pecado não está somente no ato, mas na sua imaginação e planejamentos.

 

O RELIGIOSO

 

Oh Eterno!  Ser a Tua imagem e semelhança me engrandece.

Merecedor sou das tuas ricas bençãos.

Acho que não tenho, mas se eu tiver algum pecado me perdoe.

Se peco, não deve ser como os demais irmãos.

 

Em tua Sagrada casa entro vez em quando.

Me esvazio, e deixo à porta tudo de ruim.

Sempre pago meu dízimo, é a minha garantia.

Ao sair a ruindade volta a me perseguir.

 

Aquela mulher Senhor, minha vizinha, sempre me fita.

Sonhos impróprios nascem e morrem em minha mente.

É só imaginação Senhor.

Seu perfume alcança o mais profundo do meu ser.

 

Se ela olhar de novo, posso achar que é um sinal.

Hoje minha imaginação foi além, mas, é só imaginação Senhor.

Num aperto de mão sussurrou que estava tristonha.

Seu esposo a deixaria para uma viagem.

 

Era só imaginação Senhor agora virou tentação.

Senhor não quero te incomodar, daqui pra frente deixa comigo.

No telefone me disse que sozinha não se toma vinho.

Avisei minha mulher que iria reparar a adega da vizinha e conferir a temperatura.

 

Estranho, ela nada falou, feliz saí para o tal reparo.

Não queria, não podia tal coisa fazer Senhor, mas o sinal foi forte e evidente.

Liga não Senhor, daqui para a frente irei à tua casa com mais frequência.

Afinal pago o dízimo em dia, não leva isto em conta Senhor. Davi fez bem pior.

 

Horas se passaram, mas antes de iniciarem qualquer ato,

Alguém bate a porta, era o marido chegando mais cedo de sua viagem?

O desespero se apossa dos desavergonhados. Ele clama a Deus por misericórdia.

Deus lhe responde de imediato, agora é com você.

 

O marido percebe algo estranho

Desbaratado, ele corre para adega simulando a tal manutenção.

O marido entra, ao vê-lo disse, oh!, é você meu amigo,

Fiquei preocupado quando percebi um movimento por aqui.

 

Ele atordoado, vendo a tranquilidade do seu vizinho,

Vê que ele estava de chinelo.

Chegou de viagem de chinelo?

Mordendo os dentes percebe que era o seu chinelo.

 

Voltando desacorçoado para sua casa, murmura,

Senhor, não é justo, não bebi, nem comi, nada fiz e ainda volto como corno?

Deus na sua infinita bondade responde,

Pois é, foi só a imaginação em teu coração.

 

 

Moral da história:

1- “Deus existe quando precisamos dEle, mas esquecemos de sua existência quando os desejos suplantam a nossa fé.” 

2- “Cuidado, se deixar seduzir pelo gramado verdejante do vizinho, pode lhe roubar a visão dos muitos olhares para o seu gramado.” 

 

 

WALTER FIGUEIREDO
Enviado por WALTER FIGUEIREDO em 01/05/2024
Reeditado em 02/05/2024
Código do texto: T8053773
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