Hipocrisia ou franqueza

Ó maldita hipocrisia!

Nunca vem me socorrer

Quando estou na encruzilhada

Sem saber o que dizer

Por que prefiro a verdade

Sabendo que vai doer

 

Não há nada mais difícil

Do que a tal dessa franqueza

Fácil a bajulação

Mas te digo com firmeza

Prefira sempre a verdade

Com toques de sutileza

 

Meu sepulcro é colorido

Por dentro e também por fora

Eu nunca dourei a pílula

E não vou fazê-lo agora

Tento nunca ser grosseiro

Mas pensando falo na hora

 

Sei que é de nossa cultura

Ter o dito por não dito

Mas lembre que se eu disser

Não quero causar atrito

Apenas lhe respeitar

Mentir é ato maldito

 

Dizer sou daquele tempo

Vai entregar minha idade

Mas contudo se mentir

Traduzo futilidade

Pois quem contra o tempo luta

Muito endeusa a falsidade

 

Gosto muito do olho no olho

De um forte aperto de mão

De sentir todo o calor

Dentro do abraço do irmão

De ver seu corpo falar

Esse nunca mente não

 

Verdade se liquefez

Bauman já nos alertou

E num bom filme de oitenta

Um homem suco virou

As relações tão fugazes

Tal qual água derramou

 

Nesse opaco e triste mundo

Tudo ficou virtual

Posso comprar um amigo

Seguidores, coisa e tal

Viver escravo da caixa

É relação surreal

 

Pra que ver a luz do sol

Posso vê-la pelo Cell

Pra que visitar amigos

Pelo zap e sem papel

Eu vou me comunicar

Nessa Torre de Babel

 

Onde a linguagem mudou

Lings, likes e curtidas

Isso é que vai definir

Os rumos de nossas vidas

Que sina tão deprimente

Tristemente resumidas.

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 26/04/2024
Reeditado em 26/04/2024
Código do texto: T8050142
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