Aduladores

O PRÍNCIPE AZUL - FILOSOFANDO MAQUIAVÉLICAMENTE II (1)

Este texto teve publicação, anteriormente, no site Cruzeiro.Org ( " Príncipe Azul - Filosofando Maquiavelicamente II " ) e sofreu revisão e atualização. A princípio, o tema central à época era a questão de como Gilvan de Pinho Tavares perdeu seu reino. E, adicionalmente, como Wagner Pires de Sá estava se enveredando pelo mesmo caminho. O crescimento de aduladores, alguns regiamente remunerados, especialmente os "influencers" digitais, levou ambos os dirigentes a se tornarem os piores mandatários do Cruzeiro.

Como se não bastasse, o Núcleo Gestor e o presidente-tampão, Sérgio Santos Rodrigues, mantiveram e ampliaram a estrutura para manter os aduladores. Desse modo, as equipes e staff ficam mais incompetentes pois atendem aos desejos dos senhores. O resgate deste texto justifica-se pelos erros crassos de gestão e condução com viés de campanhas com êxito no marketing do clube.

Aduladores, com toda a certeza, vocês ainda não entenderam o tamanho do colapso em que nos meteram e ao Cruzeiro.

#FicaaDICA #Maktub !

CONTEXTO MAQUIAVÉLICO

" ... Ninguém governa sozinho. Um ´Príncipe` prudente deve ter a capacidade de decidir e filtrar os bons conselhos, realizando desejos do seu ´povo` ...

Enfim, são mais perguntas do que respostas, é para isso que serve a filosofia. Cada um que tire suas conclusões, portanto,  não viemos para explicar, viemos para provocar que cruzeirenses pensem. Com toda a certeza, e por experiência própria, não dói !

Lembram-se dos Médicis e Savóias? Azzurra? Maquiavel? Duas colunas anteriores propuseram uma transposição da Idade Média para nossos dias, ainda sobre uma certa camisa azurra, com cinco estrelas no firmamento. Analogamente aos ensinamentos do conselheiro dos príncipes medievais, Niccolò Machiavelli. tentaremos aconselhar ao Príncipe Azul, sem fazermos papel de adulador.

DOS ADULADORES

Maquiavel trata, em capítulo separado, a questão dos aduladores, após vencida a guerra. Sun Tzu não os trata assim, aborda a questão antes da guerra como categorias de espiões e alguns deles passarão a ser apoiadores.

A lógica dos personagens de Maquiavel e Sun Tzu é da conveniência de saber tratar com ambos, quando o ´Príncipe` está no poder. Como o Cruzeiro tem origens italianas, entendemos que a abordagem maquiavélica é aplicável para esta estrutura de poder. Ou seja, um comandante à frente do clube de futebol, mesmo que fantoche, e uma estrutura anacrônica e caquética de conselheiros.

Assim sendo, ninguém governa sozinho, e o que faz um bom ´Príncipe` é a prudência e a capacidade de decisão com honestidade. Portanto, para filtrar os bons conselhos e torná-los o desejo do seu ´povo` é preciso mais do que bajuladores e gente do mundo de Alice. Um comandante que ouve conselhos daqueles que acha que são bons, daqueles que querem lhe agradar, está arriscando seu reinado.

O título original da abordagem de Maquiavel é: ´ De como se evitam os aduladores `. Fazendo uma migração para as cousas do Palestra Mineiro, eu faria uma leitura simples e direta. Em outras palavras, como transformar conselheiros em uma fonte de bons conselhos aplicáveis e com resultados positivos para o povo.

BONS CONSELHEIROS

Devemos entender que bons conselheiros, não obrigatoriamente, são aqueles nas posições formais de um Conselho ou cúpula. Espero que conselheiros eleitos recentemente não apenas entendam isto, mas que abandonem suas questões hedônicas.

O ´Príncipe` imprudente, age como mandatários que ´fecham-se em copas` com seus conselheiros preferidos e não ouvem a voz do povo. Estes imprudentes não ouvem as críticas ( ou não gostam de verdades que lhes dói). Maquiavel considera imprudente aquele que ouve a tudo e a todos e toma decisões que lhes são mais agradáveis. Imprudentes também gostam de manter uma eminência parda ao seu lado, um ́"pau pra toda obra", um laranja. Eventualmente, estes bajuladores assumem algumas ações do soberano, para livrar-lhe da responsabilidade de tomada das decisões.

Aí entra um personagem moderno, a mídia. Se na Idade Média a divulgação das decisões era difícil, hoje, o povo clama por manchetes na mídia. Chega-se ao absurdo, muitos torcedores criticaram um dirigente porque ele não foi à mídia rebater algum arroubo de adversários. A chamada opinião pública não quer saber dos problemas e soluções, quer verborragia via mídia. E os profissionais (???) da mídia vivem disto. Pouca informação, nenhum conhecimento e muita adulação aos soberanos. O tema é de âmbito interno, portanto, este personagem é como televisão velha, totalmente sem controle e pronta a agradar teleguiados.

TERCEIRA VIA

A terceira via que deve tomar o soberano é escolhendo entre seus comandados, conselheiros formais ou não, que tenham o direito de falar a verdade.

Que eles tenham discernimento, direito a voz e voto sobre tudo, que falem das ideias e das coisas, e não falem das pessoas. Assim como no provérbio oriental, falar das pessoas longe delas só demonstra o quão tolo e adulador. E, síntese, quem assim o faz (é diferente de falar diretamente para a pessoa, entenderam?) é pouco confiável. Enfim, e aqueles que são sinceros, deveriam sentir a valorização por isso.

O ´Príncipe` deve ouvir sempre que ele assim o desejar e não quando seus conselheiros quiserem falar. O ´Príncipe` deve ficar atento, nos dias de hoje, às blindagens que seus assessores diretos promovem. É comum um ´Príncipe` não saber de nada do que está acontecendo por conta de conselheiros com desvios de conduta.

Como se não bastasse, ressaltamos que existem casos em que este Príncipe escolhe a dedo alguns conselheiros do mal. É provável que para se manterem perto do poder ficam disponíveis e, reservadamente, posicionam o soberano de tudo dos outros. Estes "quintas colunas" são, na realidade, péssimos conselheiros e só defendem interesses escusos.

Um mandatário do Cruzeiro, no afã de mostrar-se todo-poderoso e capaz de conduzir às maiores conquistas, agia desse modo. Através de um grupo restrito de conselheiros, a maioria dos aduladores viviam felizes na posição de tarefeiros do mal. Alguns, inclusive, sobreviveram à guerra fraterna e agora são espiões sobreviventes - como a Stazi -  mesmo com o reino em ruínas.

ADULADORES HONORÍFICOS

Outrossim, terminologias modernas aplicáveis às disciplinas de recursos humanos e títulos honoríficos não me sensibilizam. Seja num regime presidencialista ou num império; frases de efeito e chavões não explicam nada. Num reino o ´Príncipe` tem que ter autoridade, saber ouvir verdades e decidir. Se optar por ouvir somente uma eminência parda, poderá pagar caro e perder seu trono, de fato ou de direito. A briga por ´poder` numa instituição como o Cruzeiro é insana. Ultrapassa muitos limites do razoável e expõe muitos desejos individuais. O ´Príncipe` deve distanciar-se destes personagens aduladores.

Em suma, entendo os aduladores e oportunistas, mas não os respeito e nem perco tempo debatendo com aduladores vendilhões. A maioria busca poder, mesmo que efêmero ou fantasioso. Outros buscam apenas a sobrevivência nesta guerra que se tornou nosso país. Mas o ´Príncipe` "da vez" deve ter a capacidade de harmonizar conselhos divergentes para o benefício do povo. Infelizmente, aqueles que são sócios do clube e não somente torcedores do time, presentes na ´constituição` do clube ficam, sempre, de fora.

O Cruzeiro não tem clientes, tem um povo com paixão, que não deve receber tratamento de um cliente de gôndola de supermercado. E deve receber atenção e respeito pela sua inteligência ( OK, este tipo de torcedor é minoria ! ). Esta parcela da torcida, não é massa de manobra ou como indígenas que trocam sua alma e paixão por espelhinhos. Em outras palavras, este torcedor não age simplesmente porque algum ´conselheiro` deu um mau conselho e um dirigente da vez executou.

O ´ Príncipe Azul `, ou qualquer soberano "da vez" no Cruzeiro, se fugisse dos aduladores, entenderia Sartre e o seu Pour-Soi. Contudo, neste caso, seria pedir muito para a direção, e além da compreensão do torcedor comum..

RECONSTRUÇÃO E FALÊNCIA MORAL

A publicação deste texto justifica-se pelas manifestações destes aduladores nas redes sociais, ante o fracasso do Plano de captação de sócios. O projeto de nome Reconstrução, que mirava 100 mil inscritos, é uma vergonha que só os bajuladores viram êxito.  Minha insatisfação está em " Sócio 5 Estrelas - Que Vergonha " e em textos como " A Falência Moral do Cruzeiro - Uma Visão ".

Infelizmente, estes textos servem até para adversários do campo esportivo tirarem sarro, mal sabem que a história deles é idêntica ou pior. São apenas ignorantes das coisas como elas são, do mesmo modo que os simpatizantes do Cruzeiro que são admiradores dos aduladores profissionais.

Em suma, não ganhei camisas por adular ou bajular, não obtive benesses de conselheiros. Assim como não ia e não vou a festas com convites especiais a petit comités ou viagens com o time por bajular. Pelo contrário, até me calei quando me tungaram os pontos (cruzeiros) que acumulei com os planos de fidelidade.

Mas é como disse um amigo meu que foi muito próximo a um destes dirigentes: " ... por isso que eles não querem você por perto, você só critica ..."

O pior e mais entristecedor ( e não inveja !) é ver o que dizem alguns destes áulicos aduladores sobre o que escrevo, e sobre questões pessoais.

#ProntoFalei.

(1) "O Cruzeiro não resistiu aos aduladores" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2021/03/18/o-cruzeiro-nao-resistiu-aos-aduladores/

P. S. Esta crônica foi publicada em um momento específico, com detalhes que somente os cruzeirenses mais envolvidos com aquele momento, terão uma compreensão completa do texto. Entretanto, ainda hoje é a realidade em muitos clubes e outras organizações.