Conversa com o Demônio Anacoth.

Conversa com o Demônio Anacoth.

Sentado na raiz da cajazeira, um homem invoca seus demônios, evocando a si, momentos enterrados, que, o próprio inferno preferiu esquecer. Este homem, tem nessas lembranças, um nome que ao proferi-lo mata de si a esperança de ouvi-lo novamente, nas recordações vividas por/com esse alguém, esquece em si todo sentir que um dia aqueceu suas noites.

Sim! Ele invocou...

- O que você quer?..

- Entender.

- O que pensa querer entender. Não percebeu que nada temos a ver com essa perda.

- Como não! Afinal o Demônio do Meio-Dia - de Andrew Solonom trata e retrata a anatomia sobre a depressão. Neste caso, deve haver um especifico. Quem é ele? Quero ter uma conversinha como esse desgraçado...

- Volto a te dizer. Nada temos a ver com isso. Pensou que talvez esteja buscando resposta no universo errado. Pensou que poderia ser espíritos que apesar de ter partido continuam vivos em seu plano, ou talvez, seja quem for que esteja deprimida de alguma forma feriu tanto sua alma, e, somente ela pode enfrentar.

- Ela é minha Ex. baixe a sua bola quando falar sobre...

- Ah! Ah! Ah! Quem você pensa que é humano insignificante. Sabemos da dor dela, sabemos dos pais e de tudo que ela teve que assistir, eu até te aplaudo, você foi o único ao lado dela, por justa razão, deveria entender melhor do que ninguém...

- Sei disso, mas, tem que haver algo que eu possa fazer...

- Não vai encontrar conosco, acredite.

- Com quem estou falando?..

- Eu sou Anacoth, tenho a função de comer almas humanas...

- Ah! Então, tu podes ser o agente causador dessa depressão. Afinal, é uma forma de consumir as almas humanas.

- Não meu querido. Só me é permitido comer os que se foram, dessa forma estou isento.

- Tudo bem. Teria então, alguma dica, um conselho, ou, qualquer porra que possa ajudar-me com esse infortúnio.

- Bem. Talvez eu tenha. Pelo que tudo indica, foi depois da perda dos pais que ela ficou assim. Correto?..

- Creio eu. Sim!..

- Os animais não ajudou muito. A falta de ter os seus a oprime mais ainda. Tudo que fizeste de nada adiantou, mesmo ela tendo em si a certeza das inúmeras vezes em a ajudou a levantar-se. Correto.

- É, já ouvi isso algumas vezes. Sim!..

- Se ela já relatou tal proeza significa que no fundo ela ainda não se afundou, então, continue a emergi-la, a cada volta a flor desta densa água, ela sente respirar uma liberdade seguida de alegria, e, isso a faz lembrar o quanto é bonita a vida que tenta afogar. Ok.

- Se você diz!..

- Meu caro, nos meus milênios de profissão, vivi experiências com toda dor, para cada pessoa que morreu uma saia ilesa pelo simples, há algo mais simples que o respirar?.. Ah! A mudança também ajuda, ficando na casa dos pais, as lembranças não adormecem, nem são esquecidas. Fica a dica, mas, você já sabia disso, não é mesmo...

- Sim! Já discutimos tal assunto.

- Viu ai. Não precisava nos invocar para obter respostas tão óbvias. Vocês seres humanos, dotado de tamanha inteligência conseguem de vez em quando serem tão ignorantes. Tudo de que precisam estão em vocês, não sera nós, ou, Deus a dar-te isso. Nós somos meros observadores desta "Divina Comédia Humana", onde o sagrado torna-se profano, e, o profano é tão sagrado quanto o papel de limpar a bunda. Até...

O homem ficou observando a legião sumir tão de repente quanto apareceu, e, ficou sentado na velha raiz analisando toda conversa. Ao passo que analisava, tirava suas próprias conclusões, parte concordava, noutras nem tanto, porém, algo em toda conversa o levou a seguinte decisão:

- Vou voltar a ficar junto dela, abraçarei cada vez que se sentir só, envolverei-a com tanto carinho que não terá tempo para pensar na morte, e, se ainda o fizer, será com o desejo de morrer em meus braços de tanto amor...

Texto: Conversa com o Demônio Anacoth.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 28/04/2024 às 00:17

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 28/04/2024
Código do texto: T8051308
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