É sobre legado

Sempre tive a sensação de estar preso em um ciclo no qual as pessoas chegam, retiram o que querem de mim e partem. A ideia de que, não importa o que eu fizesse, acabaria sempre sozinho, me assombra e perturba meu sono até hoje. O fato de minha mente ter se convencido de que eu não seria salvo, mesmo procurando fazer o bem para várias pessoas que passaram por minha vida (digo isso sem nenhum orgulho), começou a invadir meus pensamentos, deixando-me ansioso. A necessidade de encontrar paz de espírito, bem como conhecer a mim mesmo, me levou a refletir por muito tempo. Afinal, as pessoas não iriam parar de chegar, e eu não poderia simplesmente abandonar o que faço, seria contra a minha natureza acolhedora. A conclusão a que cheguei é que não se trata do que sacrifico, nem do tempo que investi para tornar a vida de alguém melhor. Não me preocupo com a entrega em si, mas com a impressão que ela deixa, independentemente da pessoa ajudada estar ou não presente em minha vida no futuro. O fato é que, ao adotar a transparência como pilar do meu ser, busco sempre fazer o meu melhor sem esperar nada em troca. Independentemente da pessoa, sei que, quando nossos caminhos se separarem, se é que vão se separar, terei deixado minha marca, cumprido meu papel. De certa forma, pensar dessa maneira é um alívio para minha alma, pois vivo sem medo de perder as pessoas, ao mesmo tempo em que anseio por conhecer novas pessoas e o que elas têm para me ensinar ao passar por minha vida.

hoqqz
Enviado por hoqqz em 29/04/2024
Código do texto: T8052468
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