O NAVIO DA ILUSÃO
Soltaram as cordas, levantaram a âncora
O apito soou como uma palavra de adeus
E o imponente e bonito monstro marinho
Que ia ficar mais uma vez pequenininho
Afastava-se lentamente do cais
E por mais uma vez eu chorava
A partida de alguém que não ia
Mas do jeito que veio partiu um dia
Transformando-me a felicidade curta
Em longa infelicidade e agonia
E hoje também pudera
Depois de tanto alimentar a tua espera
Tropecei, caí e não levantei e do cais
Ladra e prostituta me tornei
Senti meus pés tocarem o fundo do poço
E com meu vestido há muito roto
Deixando a vida cravar suas marcas em meu rosto
Mendiga do cais me revelei
E assim vegeto da caridade
Vinte cinco é a minha idade
Tendo dez de decepção
E lá vem ele de novo
De volta ao ancoradouro
É o navio da ilusão.