A curva do Rio

O rio azul desta cidade faz uma grande curva,

O lixo que boia nele deixa a água preta turva.

Sacolas plásticas e garrafas, caixas de papelão,

A curva do grande rio parece uma assombração.

Cacos de vidro e entulho poluem nosso ribeirão,

Sacos de salgadinhos, panela velha e balderão.

Sapatos, sandálias velhas, sofá, cadeira e fogão,

A curva do grande rio parece uma assombração.

Animais mortos e pneus, caixas de leite e colchão,

Troncos, galhos e cantoneiras, capuchos de algodão.

Muitos urubus tentam pousar no lixo do rebentão,

A curva do grande rio parece uma assombração.

Ninguém pesca mais os peixes: cará, traíra, camarão.

Ninguém nada no rio, não lava nem mesmo as mãos.

O rio é uma fosa aberta, o prefeito é sem noção.

A curva do grande rio parece uma assombração.

Alexandre Tito

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 10/05/2024
Reeditado em 10/05/2024
Código do texto: T8060286
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