AGOSTO ETERNO

Agosto começou e com ele os dias de um velho inverno,

As folhas do outono agora são fantasmas na lembrança,

Por onde eu passava havia silêncio e paz,

As pessoas estavam se perdendo em suas certezas,

Mas permaneciam em sua trilha os que mantinham as suas dúvidas,

Todos eram especiais, mas quem tinha uma resposta?

Quiçá fosse o céu somente noites estreladas,

Mas ainda ontem chovia sobre meu telhado,

Quando a coberta era tudo que eu tinha,

Alguém podia reclamar, enquanto outro escolhia agradecer,

Alguns julgavam quantos goles aquele pobre dava para se esquecer,

Mas eles, nenhum deles estendia sua egoísta mão,

Os ventos que trazem toda essa chuva, é o mesmo que a faz despedir,

Às vezes um olhar ao horizonte não acha nenhuma poesia,

Então ele caminha pela linha com pensamentos aporéticos,

Até que em um descuido ou naquilo que se restou da sorte, a vida possa encontrar,

Não a vida do que se respira apenas, do que se fala biologicamente em viver,

Mas a vida que satisfaz e que no ato mais tolo pode dar prazer,

E o agosto com gosto de dias eternos mantinha o seu velho inverno,

Mas algo agora o sentido era outro, além do desgosto,

E as cores desbotadas encontravam contrastes,

Em cada tonalidade daquilo que habitava em um novo eu,

Por aquilo que agora, eu que não era dono de nada,

Sentia que mesmo assim podia chamar de meu.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 05/08/2018
Código do texto: T6410506
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