Namaste

Om, e então sigo viajem

Rumo às plantas de meus pés

Parto e não levo bagagem

Deixo roupas, relógios, anéis

Em sinal de liberdade

Despido, sem tempo, presente

Tornozelo em peso ausente

Pernas em férias da vaidade

Joelhos salubres, com força de Atlas

Coxas de sonhos, nuvens leves

Quadris libertos, sem máculas

E a força da vida em ventos breves

A cada sopro pesa-me o torso

E a bomba e o fole adormecem

Inspirando braços, mãos e meus dedos

E músculos tesos que amolecem

Na garganta calada, serena

E os olhos em paz com seus medos

Alheios a fantasmas que tecem

E a mente pequena, se expande

E as vestes do ser já perecem

E, desnudo, Eu sigo viajem

Por caminhos à mim que aparecem

Se me ponho a assim andar

Menos coisas ei de ser

Menos verbos ei de usar

E segue a viajem, Namaste.

Enquanto o sol arder

Na velha Xique Xique

Enquanto brilharem estrelas

Eu não vou te procurar

Não vou ficar pra ver

Alguém que me domine

Nem quando o Velho Chico secar

E não deixa secar

Nem quando o velhos Chico Secar