Incisivo Dorso Autofágico

Remoer cada uma das palavras dos amantes

Vislumbrando adagas escondidas nos calcanhares

Enquanto evocam véus olhos de moscas

Contemplando a ambiguidade que tal imagem se cria

Todo o anjo derrete na pele

Como tais intersecções de gauche

Tudo depende da confiança esdrúxula

Neste departamento de quebra-cabeças passionais

Modular mentiras com prepotência

Era um esporte convencional

Preocupado tão somente com dissecações

Talhadas para prevenir pires e tanatoscópias

Meu corpo é sujo, meu passado também

Nele há provas macabras do meu evangelho

Fadado a ruir-se em primazia aos teus encantos

Antes segredo do que qualquer viés de deslumbre

O atrito truncado, o sal derramado

Por entre o florir das feridas abertas

Um instante aprovado correndo

A cor do ouro superando fusos

Congregar na decadência do meu corpo

Teimando em envelhecer, suspirando cores quentes

Teimando em parcelar a juventude à prazo

Aceitando as carícias de um fim de tarde

Cada timbre dessas vozes transitavam o delírio

Oportuno pêndulo, rituais de quadris

Perecer o irreal perfume de leões abruptos

E intuir suspenso, o poderio de tal aconchego

Enrugar meu rosto ao lado dos teus olhos

Aceitar o imergir dentro do eixo duplo das imposições

Sons que carregavam a força de tambores

Observando furacões transmutarem vultos

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 19/04/2024
Código do texto: T8045532
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