UMA HORA e os sons da rua escura, que dormia.
Nada mais ecoava, nada mais existia.
Juntos com os moradores pacatos,
dois homens havia.
Ainda sentados, fumando...
entre risos safados
e por demais abafados.
 
UMA E TREZE e um cachorro latia.
Os homens pareciam agitados.
Não notavam que estavam sendo observados...
Que por de atrás da cortina branca, eu os via.
 
TRÊS E QUINZE e estavam de pé.
Em frente a uma das casas.
Era uma casa grande e branca,
com muros altos e um cão bravo,
que não paravam de latir.
E o mais engraçado... é que...
diante do estardalhaço,
era esperado que os moradores, preocupados
olhassem a janela...
afim de saber, que mal havia
Mas nenhum movimento - a não ser de mim e o próprio vento -  se fazia.
 
QUATRO HORAS e os dois sussurravam ansiosos e em agonia.
Enquanto que o cachorro colado ao portão, enfurecido latia.
 
QUATRO E VINTE E SEIS
e a luz de um dos quartos
da grande casa se acendeu.
Os dois homens continuavam a fumar...
como se nada se sucedeu.
 
QUINZE PARA AS SEIS e junto com o canto dos galos
um tiro de pistola se deu.
Disparado pra cima em tom de aviso.
"entrem em suas casas, pois hoje AQUI MORA O PERIGO!" .
O show estava se acabando.
 
SETE DA MANHÃ e eu podia sentir o pulsar do meu peito
a quarteirões de distância!
Suava frio e tremia...
Medroso que sou, embaixo da cama jazia.
Quando soou mais dois tiros, e Gritos finos
de pura agonia.
A partir daí, houve um silencio confuso...
 
SETE E MEIA, e saí para trabalhar,
debaixo de um sol de alegria
e um forte vento
que se fazia.
 
 


 
Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 24/03/2017
Código do texto: T5951050
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