Nada quero para mim

Nada quero para mim
Nada desejo além do que não possuo
Talvez reste-me alguma singela poesia
Mas ela já não me pertence
É do mundo que não conheço
Dos versos imaginários que não guardei
A dor é a mais forte rima
Quem sabe já não seja eu
Apenas uma negação em rimas
Como quem faz uma desconstrução poética d'alma
Mesmo sem saber
Ou até mesmo sabendo...
Vivo com o pouco que sei
Mas principalmente
Com o desejo pelo muito que quero aprender
Como quase nada conheço
Efetivamente talvez não viva
Ainda que não saiba
E quando tento voltar para dentro
Perco-me fora de mim
Em caminhos tantos
Que só me levam até você
Não cantarei para ninguém
A canção que no futuro
Fiz só para você
De que adianta para uma desconhecida
Ouvir mansa voz
Se a melodia do coração é outra
Mesmo que cantada em silêncio
Se minha composição é sua
Embora não a tenha escrito
É uma reminiscência futura
Guardada em segredo
No coração que pulsa
E se este mesmo peito
Sozinho já decidiu
Que não me pertence
À revelia deste amor que domina
Como réu indefeso e inconfesso
Seguirei a tatear uma estação inexistente
Como um albergado do sentimento
Pagarei uma pena injusta
Neste cárcere chamado tempo
Por delito do coração não cometido
Mas se não o tenho
O tempo
Este Deus que decidiu parar
Ficarei estanque no futuro
Onde existe uma eternidade para esperar
E enquanto viver a esperança
A canção jamais morrerá
E se aqueloutra um dia morrer
A música não silenciará
Pois se meu peito a canta agora
Amanhã o seu a cantará
Porque não quero nada para mim
E a canção é só sua
Tão-somente sua
Meu amor





 
Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 06/10/2016
Reeditado em 21/07/2017
Código do texto: T5783440
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