Canto do cisne
 
Nosso amor, é um triste vulto,
Que se mantém, ainda insepulto,
Na rigidez e no fedor da podridão.
Transformou a nossa vida num insulto,
E aguarda, do padre, o indulto,
Para baixar, aos sete palmos, o caixão...
 
Como o cisne que soa o canto da morte,
Sabendo antecipadamente a sina, a sorte,
Nosso amor, sobrevive na escuridão...
Como conhecer as entranhas do sentimento,
Se ele, é a raiz e o próprio alimento,
De um infeliz e malfadado coração?