CAMPO DOS POETAS

Poeta meu,

se tão sombrio andas pela vida

na busca de um claro horizonte

e não encontras fé na ladainha

do seio seco que não alimenta

teu magro espírito preso no tempo,

sai do vagar e apruma na vereda

onde ressurge uma rosa pura

e um anjo alado vem te visitar.

Ali tem luz oculta, tem aurora

que espera o porvir de seu levante

numa manhã do espaço milenar.

Atentas para a música distante...

É o sonido de um antigo Shofar

– Sou tua Poesia e eu te chamo:

“Deixe-me entrar em tua porta

e viver em tuas vivendas.

Deixe... Apenas deixe...”

Poeta meu,

beba desse vinho e quebre a penha,

faça a clivagem neste solo seco

– derrame seus poemas na calçada! –

e suba e voe com suas plumagens

e desça anjo, da agonia livre...

...Que eu te recebo longe do ladar

longe dessas horas tão contadas

longe dessa rua tão estreita

longe dessa gente feita bronze

longe dessa substância fria

...Que eu te recebo manso

e tão pequeno

e te sacio com meu leite cálido.

Deixe esse vagar, poeta meu...

Que eu já te chamei – Guerreira!

Que eu já te busquei – Materna!

Que eu já te amei – Virgínia!

Vamos!

Pegai da pena que transcende em versos

e entremos no Campo dos Poetas.

É arraial de Luz, é casa de aprendiz...

Escreva ali nos cirros os teus poemas.

Troveja o hino no alto da cidade!...

...E quede calmo e lúcido

e morra tão poeta,

tão branco e tão poeta

sem sombras no teu céu.

SGV. (29/11/2002)

(53 anos...)

Sidnei Garcia Vilches
Enviado por Sidnei Garcia Vilches em 19/04/2024
Código do texto: T8045541
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