Will e suas joias

22/09/2020

 

 

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FVOJIY

 

Will acordou pensando nas coisas que unem e separam.

 

Sentiu que deveria ir ao chão, sentar, deitar e deixar que o carrinho verde perseguindo a bola multicor passassem por cima, antes que ele se transformasse no tapete que seria atravessado por mãos e pés e caracóis sorridentes.

 

Unido por estes momentos ao pequeno, por um fio de ancestralidade, Will tentava mergulhar em si mesmo, buscar suas joias guardadas, fatias secretas da felicidade, que foram escorregando pelas frestas dos anos que já vivera.

 

O carrinho verde estacionou sob a mesa de vidro e um gato ressabiado, mais sábio que ressabiado, encurtava a distância com seus olhares, nas mãos o volante da vida.

 

Will, deitado, pensando em suas joias, buscava as senhas de acesso que as trariam de volta, procurava em frestas erradas, e por isso não as encontrava.

 

O gato, zombeteiro o pequeno, de ingênuos ardis e amorosos olhares, penetrava pelos sentidos de Will, por todas as suas frestas e trazia nas mãos o convite para brincar.

 

O pequeno sabia as senhas, que dia após dia escondia, enterrava no sofá. 

 

Seu tesouro, 

 

as senhas da felicidade,

as joias de Will,

embaladas em farelos de biscoito doce.