Mutualismo no Motor Perpétuo

Uma estrutura em formato de mais, quatro vales com uma flor na encruzilhada, e em cada braço um toco, com cada toco um trabalhadorzinho, marretando para serem hidratados pela seiva que eles mesmo geravam.

Eles marretavam naquele clima seco, pois dependiam da planta, e a planta dependia da energia dos trabalhadores. Não havia perda de energia, era um motor perpétuo.

Foi assim por éons, desde que a vida é vida, independente da evolução (porque não se reproduziam).

Apesar do clima seco, pingou uma gota d’água na cabeça do primeiro trabalhador. Ele ficou animado, então jogou seu martelinho no chão e foi embora, escalando a fenda, com o intuito de conhecer o mundo que nunca viu.

O segundo trabalhador e o terceiro trabalhador queriam se conhecer, então se articulando por gritos acumulam seiva e fogem juntos. Não havia amor um pelo outro, apenas desejo mútuo de que houvesse uma evolução, uma adaptação dos seus filhos para o meio, para que algo realmente mudasse.

O quarto trabalhador tinha medo, não sabia o que tinha fora da fenda, nunca viu água sem ser da flor, além de já estar acostumado com o martelo, que se fundiu com sua mão.

O primeiro morreu desidratado, o segundo pelo grande passarinho que estava com fome e sede e o terceiro, de tristeza, mas não pelo segundo. Já o quarto não sabia o que aconteceu com eles. Esperava que fossem felizes e que um dia caísse uma chuva que fizesse com que não dependesse mais da flor. Ele estava mais vivo que os outros, mas não estava feliz.

Otacílio de Almeida
Enviado por Otacílio de Almeida em 25/04/2024
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