Dislexia

Esta semana li no Instagram a postagem de uma psicóloga, que dizia:

"Há crianças feridas, escondidas em adultos 'difíceis'."

E diante de tantos comentários maldosos, ataques feitos por jovens "perfeitos", resolvi deixar meu depoimento para uma reflexão:

Duas máximas populares: "Só se sabe o sapato onde aperta é quem calça". "Só o dono da casa sabe onde estão suas goteiras". Aqui há muitos comentários na contramão da realidade de quem costuma ser "difícil". É fácil julgar o comportamento de quem não está no "padrão estabelecido". Cresci sob violência física e psicológica (a primeira foi a de ser rejeitado, aos três meses de gerado. Minha mãe "comeu o pão que o diabo amassou", sozinha, mas não me abortou). Alguns de meus "algozes" até estão em minhas redes sociais. Se os convidei? JAMAIS! Rachei com eles há anos. Estão porque suas respectivas consciências pesam - em relação ao que fizeram comigo na minha infância e juventude, e precisam, de alguma forma, saber de minha vida. Entendo perfeitamente que não devo repassar tais violências sofridas (e NUNCA repassei - sou "azedo" no momento certo, contra as pessoas certas, e na medida certa), mas também não posso andar por aí com os dentes "arreganhados" para NENHUM daqueles que não me cuidaram (crianças precisam dos cuidados dos adultos), isso seria uma violência minha contra mim mesmo. Tenho 62 anos de idade, e fui uma "criança problema". Aos 48 anos, por acaso, me descobri disléxico - razão de muitas de minhas perdas, traumas e manias (tive a sorte de não ter NENHUM tipo vício: nunca bebi, nunca fumei, nunca usei droga de qualidade nenhuma. E JAMAIS me envolvi em ilegalidade - contudo não sou nenhum santo). Minha mãe JAMAIS me entendeu. Minha esposa JAMAIS me entendeu. Na verdade, NINGUÉM me entende - nem eu mesmo, às vezes. SEMPRE fui cobrado, criticado, e desgraçadamente "profetizado" que "não seria NADA na vida". Aliás, se esse era o meu propósito de vida, acertei geral! SEMPRE fui considerado um aluno "muito inteligente", mas de baixíssimas notas: em matemática, por exemplo, sou um zero à esquerda. Não sei abrir e fechar um colchete, não sei nada ao cubo, nada ao quadrado. Troco letras, troco números, falo coisas que as pessoas não compreendem (meu raciocínio). Sua postagem, doutora, é ótima para uma discussão em busca de ajudar pessoas "difíceis". A popósito, quem não tiver um comentário menos violento contra nós, "difíceis", é melhor não opinar. Valeu!

De...

Chico Potengy
Enviado por Chico Potengy em 21/12/2023
Reeditado em 22/12/2023
Código do texto: T7959141
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